Um novo dia

Às vezes as coisas não acontecem como queremos. Parece que o dia será nublado, cinzento.

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É preciso olhar em outra direção para ver que pode ser diferente. E que há outras coisas. É um exercício complicado, muitas vezes, de ser feito.

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No entanto, vale a pena o esforço. Pois assim será possível ter revanche e sair vitorioso nessa luta diária por viver e ser feliz.

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Rio, assim te sinto hoje

Ligeiramente ultrapassada, vivendo ainda dos anos dourados, de quando fostes capital do país. Beirando o patetismo, às custas dos outros, torrando a grana e a paciência de muitos.

Seria tão bom que passasses um bom tempo com este clima frio, cinzento, melancólico. Afinal, disso se trata. Assim és. Se pelo menos este clima te levasse a refletir, a rever alguns comportamentos. Eu sei que não, pois tua arrogância é ainda maior do que tuas belezas.

Hoje, mais cedo, li como introdução a uma matéria postada no Facebook sobre um email do diretor da Politécnica da UFRJ um texto de Marcelo Russio que representa perfeitamente o que sinto e venho comentando com amigos e conhecidos sobre o que é ser carioca. É claro que na naturalização do “ser”, poucos concordam com isso e ao ler isto tão bem articulado pedi a autorização do autor para poder reproduzir aqui na íntegra:

A matéria abaixo explicita uma característica do carioca em geral, e nesse caso acredito que generalizar me aproxima mais do acerto que do erro: o preconceito. Não só o racial, que também existe, mas principalmente o regional. Interno e externo. No Rio, há um preconceito especial com quem mora longe ou fala diferente. Se você vem do nordeste, já é chamado de “paraíba”, no sentido mais pejorativo possível, e é visto como inferior. Se vem do centro-oeste, é “caipira”, e é tratado como ignorante. Se mora na zona norte, é classificado como cafona e pouco educado. Se mora na zona oeste, é emergente e deslumbrado.

Não são poucos os que se referem a qualquer estado do nordeste como “Grande Paraíba”, ou do norte como “Povos da Floresta”. É engraçadinho? Deve ser pra quem se acha parisiense por morar na zona sul. Mas calma! Zona sul do Rio tem preconceito também com… a zona sul. Perguntem a quem mora no Leblon se gostaria de se mudar para o Flamengo ou para Botafogo, mesmo que seja mais próximo do seu trabalho. Pergunte o que um morador de Ipanema acha de Copacabana e suas ruas movimentadas. Prefere-se morar em um apartamento de 40m quadrados no Leblon a se morar em uma casa de 400m quadrados em Vila Isabel.

Cariocas se acham melhores do que são. Olham para os nascidos em outra cidade com um certo ar de superioridade. Vejam bem: outra cidade! Nasceu em Duque de Caxias, Maricá ou Macaé? Não é digno de ser “carioca”. Não no sentido geográfico, claro, mas no “status” que se acredita possuidor quem nasce na capital do estado. Na capital? Não também. Nasceu no Grajaú, na Tijuca ou na Ilha do Governador, já é visto como “pouco nobre”. Isso me envergonha muito.

Uma vez me disseram que eu moro longe, por morar na Ilha do Governador. Longe de que? Moro perto de tudo que eu gosto. Por que moro longe? Percebem? É a teoria egocêntrica de que o mundo gira em torno da área nobre, que eu acho muito boa pra me servir com divertimento e lazer.

Só pra constar, sou nascido e criado no Rio de Janeiro. E não vejo isso como nada além de uma casualidade. Orgulho? De que? De ser de uma cidade bonita? Por que, se não contribuí em nada para a beleza dela, que já existia antes de Cabral chegar ao Brasil? Teria orgulho de ser de um lugar em que não houvesse essa empáfia e essa mania de se achar superior aos outros. E isso, me desculpem, quase não existe no Rio de Janeiro.

Foi só um desabafo após ler a declaração de um diretor da universidade mais conceituada do Rio de Janeiro. Seguimos com a nossa programação normal.

Vergonha há pouca… o que sobra é dinheiro

Custou quanto o Engenhão para os Panamericanos em 2007 para, quase 6 anos depois, ficar interditado por danos estruturais? Quanto custou com dinheiro FEDERAL, meu cariocas amados… FEDERAL… que bancou como está bancando as obras da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos. O orçamento original era de R$ 60 milhões, mas Estádio Olímpico João Havelange teve um custo final de R$ 380 milhões.

Então, meus amigos… quando forem reclamar, reclamem primeiro nas instâncias locais… uma Prefeitura safada, um governo do Estado inescrupuloso até chegar às autoridades em Brasília que, para mim, são absurdamente estúpidas e coagidas pela fama de cartão postal do país e porta de entrada ao turismo internacional… O Engenhão foi inaugurado num jogo entre Botafogo e Fluminense no dia 30 de junho de 2007.

Rio de Janeiro, que se faz de coitadinho porque “durante anos foi abandonado à sua sorte por ser oposto às autoridades nacionais” vai jogando fora dinheiro que quando o TCU (Tribunal de Contas da União) pede para verificar, dá um jeito de não mostrar e além disso, pede mais porque precisa concluir as obras. É bem verdade que isto não é apenas privilégio do Rio de Janeiro, o Itaquerão em SP e outras arenas também pressionam ou pressionaram para que o Estado Federal liberasse os empréstimos absurdamente facilitados.

Só que não conheço outra situação tão patética quanto esta do Engenhão. Mas é melhor seguir comemorando e batendo no peito em vez de se perguntar onde vai ser jogado o Carioquinha ou saber quanta verba é gasta que podia certamente ser melhor utilizada.

Seria melhor se perguntar sinceramente, será que Rio de Janeiro merece o privilégio de sediar algum evento de tamanha importância como a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos? Sinceramente…

Privilégios…

… dos que não passam pelas coisas sem dar uma olhada esperta. Dos que moram em locais cujas paisagens são uma inspiração para “viajar” sem ter que sair do mesmo lugar.

Privilégio para quem pode se encantar com uma coisa tão simples quanto a tonalidade do fim da tarde, com o relevo e as figuras enlouquecidas que andam sem rumo aparente e que se misturam de repente.

Para quem pode reparar que as cores se unem em harmonia, desconhecendo as divisões e as origens diferentes. Luz e cores que se combinam e que provocam. Rio de Janeiro é uma cidade de muitas cores. Uma provocação contínua, uma exuberância sem limites. Sou um dos privilegiados, não dá para reclamar.